Recolha e tratamento da informação | O processo de recolha para identificação, estudo e documentação de que resulta o presente Pedido de Inventariação da Pesca nas Pesqueiras do rio Minho foi efetuado, ao longo do ano de 2018, 2019 e 2020, com recurso a trabalho de campo, com metodologia etnográfica. Antes da primeira abordagem ao trabalho de campo, fizemos um levantamento da principal bibliografia existente sobre esta temática e sobre a produzida especificamente sobre as pesqueiras do rio Minho. Depois, ao longo do tempo fomos contatando com os pescadores em diferentes locais (casa familiar, locais de convívio e junto do rio e das pesqueiras). Foi particularmente escolhido o tempo de pesca da lampreia, que decorre nos meses de fevereiro, março e abril, de cada ano. Em vários dias acompanhamos os pescadores para armar as artes de pesca (botirão e cabaceira), primeiro, e para as recolher, depois, o que acontece em duas ocasiões do dia: de madrugada, ainda de noite, com partida para as pesqueiras por volta das 5 horas da manhã; e de tarde, ao final do dia, por volta das 18h. Sempre que se recolhe a arte de pesca, deixa-se depois a mesma armada para o segundo momento, ou seja, a pesca da manhã é o resultado da armação da tarde, e a da tarde resulta da armação da manhã. Durante este tempo interrogamos os pescadores, solicitamos informação conforme se desenvolviam as atividades e registávamos as conversas mantidas entre eles, onde passavam os nomes e as ‘artes de fazer’ a pesca. Era quando permanecíamos mais tempo junto do rio que surgiam as conversas sobre o espaço ecológico, as condições do rio e os problemas que os pescadores enfrentavam, principalmente com as leis, as autoridades e o poder das barragens. Organizamos seis sessões para gravação audiovisual de entrevistas, para as quais convidamos pescadores de Portugal e Galiza. Durante o tempo de pesquisa visitamos, para recolha de informação, dois museus dedicados ao rio Minho e à pesca da lampreia, em Vila Nova de Cerveira e em Arbo. Durante o trabalho de terreno fizemos o registo das nossas notas de campo e construímos o diário de campo, onde recolhemos informação que nos ajudaram, primeiro, a construir o campo temático do nosso instrumento de trabalho principal, que foram as entrevistas abertas e as entrevistas semi-orientadas, e, segundo, a confrontar os dados recolhidos através da nossa observação de terreno, com os dados fornecidos verbalmente pelos informantes e os constantes na bibliografia. Ao longo do tempo de pesquisa fizemos registo fotográfico e vídeo; realizamos um levantamento de todas as pesqueiras existentes (ativas e não ativas) por georreferenciação; continuamos a recolher informação bibliográfica; e fizemos recolha documental histórica, presente em publicações que trataram os Tombos e Cartulários medievais dos mosteiros, sendo que outra foi levantada em arquivos e junto da Capitania de Caminha e Comando Naval de Tui. Para o tratamento da informação recolhida usaram-se dois instrumentos de análise qualitativa: análise crítica, documental e histórica da diplomática, e da informação bibliográfica da histórica e etnográfica; análise de conteúdo das entrevistas aos pescadores. Usou-se somente uma análise quantitativa para tratar a informação sobre o número de pesqueiras. 8.2. De acordo com o definido pela Portaria no 196/2010 de 9 de abril, especificamente o constante do artigo 8, que diz respeito ao cumprimento dos requisitos em habilitações académicas e curriculares dos responsáveis pela elaboração de pedidos de inventario, o estudo e documentação das Pesqueiras do rio Minho resulta do trabalho desenvolvido no terreno por Álvaro Campelo, doutorado em antropologia, ao longo de 2018, 2019 e 2020, do que resultou a organização e formalização do pedido de inventariação, e a produção de conteúdos audiovisuais de suporte a todo o processo, da responsabilidade da empresa Coletivo Criatura, e cuja conceção respeita os princípios adequados a` utilização de meios audiovisuais em contexto de investigação na área das ciências sociais. O Professor Álvaro Campelo, antropólogo, Doutorado pela Sorbonne Paris IV, há já vários anos realiza trabalho de campo nesta região, tocando temas como a organização simbólica do espaço (Campelo, 2010a; 2013; 2017), bem como sobre o mundo lendário (Campelo, 2002b; 2002c). Para além disso, no que respeita ao tema da pesca da lampreia, com outras artes, desenvolveu pesquisa na foz do rio Cávado (Campelo, 2002a), e na foz do rio Lima (Campelo 2018). A temática dos rios, das obras hidráulicas e políticas da água desenvolveu-as no livro Dos Serviços Hidráulicos a` ARH do Norte, IP (Campelo, 2010b). Colaborou na pesquisa o mestre Eng. Tiago Pereira, licenciado em engenharia ambiental pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo e com mestrado em engenharia de reconstrução e renaturalização de rios, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Tem já experiência sobre os ecossistemas ribeirinhos e sua sustentabilidade e recuperação. Juntaram-se as metodologias etnográficas e antropológicas com as das ciências naturais, dada a especificidade do contexto desta expressão cultural imaterial. Anexamos o CV dos dois principais investigadores que construíram esta inventariação. | |